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Clinicamente editado e revisado por THE BALANCE Esquadrão
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Quem procura saber o que é transtorno de personalidade antissocial, deve saber que, essa condição também pode ser conhecida como sociopatia. Trata-se de um distúrbio psicológico que afeta aproximadamente 3% da população, sendo mais prevalente entre pessoas do sexo masculino. 

Esse transtorno pode ser identificado em alguém que apresenta um padrão de desdém pelos direitos de outras pessoas e pela falta de empatia, onde estes indivíduos apresentam dificuldades em seguir normas sociais, desviando-se da conduta imposta pela sociedade desde a infância.

Os indivíduos que sofrem com esta doença frequentemente agem de forma impulsiva e irresponsável, infringem a lei e desobedecem às convenções sociais para obterem ganho próprio, muitas vezes, inclusive, não conseguem apresentar remorso ou culpa. 

Em alguns casos, essas pessoas abusam de substâncias lícitas e ilícitas, têm dificuldade de administrar e manter um trabalho e relações sociais, e também podem apresentar um comportamento promíscuo. 

Essa condição é frequentemente mal compreendida e pode ter consequências graves, tanto para o indivíduo com o distúrbio, quanto para as pessoas ao seu redor. Por isso, neste texto falaremos sobre os sinais, causas e terapias disponíveis com especialistas em transtorno de personalidade antissocial. 

É importante observar que, embora o transtorno de personalidade antissocial possa ser uma condição desafiadora de administrar, com tratamento e apoio adequados, os indivíduos com o transtorno podem levar uma vida plena e contribuir positivamente para suas comunidades.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), os indivíduos que apresentam três ou mais sintomas do transtorno de personalidade antissocial desde os 15 anos podem se enquadrar neste transtorno. Pois geralmente apresentam um desrespeito e uma violação generalizada do direito de outras pessoas, podemos destacar alguns como:  

  • Desrespeito imprudente pela segurança própria ou de outros;
  • Incumprimento das normas sociais no que diz respeito a comportamentos lícitos, conforme indicado pela realização repetida de atos que são motivo de detenção;
  • Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado alguém, por exemplo;
  • Uso da manipulação e engano, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de pseudônimos, ou ainda enganar outras pessoas para obter lucro ou prazer pessoal;
  • Irritabilidade e agressividade, indicadas por brigas ou agressões físicas repetidas;
  • Impulsividade ou falha em planejar com antecedência;
  • Irresponsabilidade constante, indicada por falha repetida em manter um comportamento de trabalho consistente ou honrar obrigações financeiras;
  • Apresentam promiscuidade, mantendo relações sexuais com diversas pessoas;
  • Podem ter um histórico de detenção ou encarceramento.

Mesmo que uma criança já apresente esses comportamentos, a realização do diagnóstico é recomendado para indivíduos que já tenham 18 anos, pois, dessa forma, os sinais não serão confundidos com sintomas presentes durante a adolescência. 

Nem todas as pessoas que apresentam esses comportamentos necessariamente irão ter este transtorno, por isso, é importante que o diagnóstico seja realizado por um especialista de transtorno de personalidade antissocial.

Embora as origens exatas desta doença sejam desconhecidas, as causas do transtorno de personalidade antissocial são complexas. Acredita-se que fatores hereditários, ambientais e neurobiológicos possam contribuir para o desenvolvimento do distúrbio.

Em relação à genética, aqueles que têm histórico familiar da doença são mais propensos a adquiri-la. Algumas pesquisas acerca da neurobiologia também relatam que os genes que regulam a serotonina, um neurotransmissor que afeta o humor e o comportamento, são capazes de influenciar no desenvolvimento do transtorno.

Isso porque indivíduos com o transtorno podem apresentar uma estrutura e função cerebral diferente de pessoas que não o tem, onde existe uma alteração no controle das emoções e do comportamento.

Já em relação às variáveis ambientais, as experiências iniciais de vida, caso sejam  traumáticas ou com negligência e abuso na infância, podem contribuir para iniciar o padrão de desrespeito às autoridades e a dificuldade de expressar emoções, até que a pessoa passe a não saber senti-las e/ou expressá-las. 

Além disso, também temos a influência de fatores sociais e culturais, como falta de acesso a lazer, cultura e educação. Para o indivíduo apresentar os sintomas de transtorno de personalidade antissocial, geralmente é necessário que ele tenha um conjunto de influências ambientais, hereditárias e neurobiológicas.

Tudo isso contribui para seu desenvolvimento, e mesmo assim a causa ainda pode ser incerta, por isso, faz-se necessário um acompanhamento especializado dos pacientes com suspeitas do transtorno.

Embora não exista uma cura para o transtorno de personalidade antissocial, existem intervenções disponíveis que podem auxiliar os indivíduos a controlarem seus sintomas. As soluções englobam uma série de combinações de tratamentos, como: psicoterapia, medicação e uma rede de apoio estável da família e dos entes queridos.

A psicoterapia fornece uma variedade de abordagens que podem contribuir para a evolução e desenvolvimento do paciente, incluindo terapia cognitivo-comportamental, terapia comportamental dialética e terapia psicodinâmica. Estas visam auxiliar os indivíduos a desenvolverem maneiras de melhorarem seus relacionamentos e gerenciarem de uma melhor forma suas emoções e controle de impulsos. 

Com isso, atuam buscando identificar as oscilações de comportamentos e de pensamentos para que se desenvolvam estratégias individuais, de modo a reduzir o risco para si mesmo e para os outros, ajudando o paciente a lidar da melhor forma com situações complicadas e de estresse.

Tratamento é fundamental para a melhora da qualidade de vida

O trabalho com um terapeuta auxilia na exploração de sentimentos e pensamentos que não estão conscientes, buscando insights que possam auxiliar na maior compreensão sobre si mesmo. O processo terapêutico também é muito importante para a família, pois auxilia na melhora e no entendimento das relações de todos, ajudando todos a encararem a situação de uma maneira mais saudável.

Mesmo fazendo psicoterapia, o paciente também deve estar em acompanhamento psiquiátrico, porque a medicação pode ser benéfica em alguns casos para auxiliar na estabilidade e controle do humor. Com isso, podem ser receitados remédios como: antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor, que influenciam na redução de sintomas de depressão, ansiedade e também na impulsividade.  

O tratamento é um processo longo e desafiador, e muitos indivíduos acreditam que não necessitam de tratamento, mostrando uma grande resistência. Porém, com o suporte e apoio da família e entes queridos que o incentivam a buscar ajuda, juntamente com a disciplina de seguir os tratamentos, o indivíduo com transtorno de personalidade antissocial poderá aumentar sua qualidade de vida e viver tranquilo em sociedade.

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