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Quanto mais precocemente detectado o trauma de infância, mais fácil se torna a tarefa de reenquadrar aquela criança num ciclo de vida familiar saudável. Porém, a sua sinalização nem sempre é imediata, e depende da existência de serviços públicos qualificados capazes de intervir, ou de pessoas alheias atentas e capazes de denunciar.
Ao longo dos séculos, a violência intra familiar foi sendo reconhecida por cada país, sendo este reconhecimento um passo fulcral na promoção de medidas preventivas e de ação terapêutica junto da criança. O direito à proteção da criança está consagrado na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU) desde 1989, no entanto, há ainda muito para ser feito.
Os maus-tratos na infância são uma realidade atualmente reconhecida em todo o mundo. Muitas vezes proveniente de um estigma social que passa de geração em geração, este problema do âmbito da saúde pública requer intervenção social e cultural de fundo, de forma a repercutir uma mudança na mentalidade dos seus perpetradores – os cuidadores da criança.
Porém, os traumas de infância e rejeição podem deixar marcas emocionais profundas durante anos, e a maior parte das vezes, só uma terapia direcionada no âmbito da psicologia positiva poderá ajudar a pessoa a avançar para um estado de vida mais harmonioso e promissor.
A dimensão dos traumas psicológicos na infância pode tocar variadíssimas áreas do foro psíquico e emocional da criança:
A negligência pressupõe “falta de capacidade” sobre determinada matéria. No caso da negligência no cuidado a crianças, advém muitas vezes de mães imaturas e demasiado jovens que não conseguem perceber a dimensão da responsabilidade que têm por diante. Este é um dos tipos de traumas psicológicos na infância mais comuns e transversais na sociedade.
Por outro lado, pais em situação de depressão, luto ou sofrimento prolongado podem igualmente descurar as necessidades básicas da criança – mesmo não padecendo de uma perturbação psicótica. Este tipo de negligência pode igualmente causar um trauma de infância por rejeição.
Agressão física de forma cíclica na criança, tal como cortes, aranhões, contusões, ossos quebrados ou queimaduras. Decorrente de algum tipo de distúrbio do cuidador que usa a fragilidade e submissão inerente à criança para perpetrar repetidamente este tipo de violência doméstica e familiar. Tornou-se um tipo de resposta por parte dos pais que carecem de uma estrutura mental sólida e equilibrada.
O abuso sexual de crianças sempre existiu. É hoje uma prática mais facilmente denunciada e por isso mesmo tenderá a desencorajar os seus agressores. No entanto, é uma realidade que envolve ainda milhares de milhões de processos em todo o mundo, e que continua a deixar marcas profundas em toda a criança vítmima de abusos sexuais.
O abuso sexual desencadeia sempre um tipo de perturbação do foro psicológico na criança, seja ele de ansiedade, descompensação psicótica ou depressão mental que deve ser tratada o mais precocemente possível através de terapia. É o tipo de trauma que pode levar ao suicídio devido ao estigma de vergonha e culpa irrealisticamente sentidos pela criança, e que qualquer terapêuta pode ajudar a desmistificar, desculpabilizando naturalmente a vítima.
Os maus-tratos deixam sempre uma marca psicológica na criança – seja de que natureza forem. Este tipo de trauma decorre quase sempre da relação entre o adulto cuidador e a criança, e interfere com o nível de afeto, segurança e equilíbrio ausentes na relação familiar.
Por exemplo, o Sindrome de Munchausen, é uma forma mais rara de trauma psicológico que consiste na invenção e/ou criação de sintomas na criança por parte do próprio adulto de forma intencional. A criança acaba sendo hospitalizada sempre que a perturbação psiquiátrica do adulto for grave.
Hoje em dia as casas e lares para crianças são uma realidade em todo o mundo. Servem para colmatar a falta do cuidador na vida daquela criança. Porém, muitas situações existem em que a criança fica abandonada até que seja sinalizada por qualquer instituição ou serviço social que a acolha, e reencaminhe. Este episódio é responsável por traumatizar a criança, por vezes de forma irreversível.
Traumas provenientes de catástrofes naturais e acidentes externos vivenciados pela criança, tais como, incêndios, inundações, furações ou deslocação de refugiados podem deixar marcas profundas na criança.
Num estudo levado a cabo incidindo sobre 400 famílias perpetuadoras de maus-tratos a crianças, Kempe classificou o perfil dos cuidadores do seguinte modo :
Kempe (1978) identifica um historial comum destes pais como tendo sido filhos igualmente negligenciados pelos próprios pais. É pois comum identificar que houve maus-tratos e falta de amor durante o seu desenvolvimento – o que contribui enormemente para um crescente sentimento de frustração pessoal, nunca sanado, e que muito comumente vem à superfície quando se tornam eles próprios pais de filhos, por se sentirem frustrados, ao não verem nos filhos a concretização das suas expectativas.
Segundo o manual da psicologia e psiquiatria da infância e adolescência, podemos identificar os seguintes denominadores comuns no passado dos agressores:
Determinadas crianças serão sempre alvos mais fáceis de maus-tratos. Falamos de crianças com temperamento irritável e de crianças de natureza doente e/ou deficiente (por exigem maiores cuidados e atenção). São por isso vítimas mais fáceis do que crianças alegres e saudáveis, e devem suscitar maior atenção por parte de técnicos e professores.
No entanto, a deteção dos maus-tratos na infância é muitas vezes dificultada pela tendência da própria criança em esconder tais factos, ou ainda pelo tardio reconhecimento por parte do técnico/professor de ausência de amor maternal. Por este motivo se torna essencial recolher a própria anamnese do cuidador, numa tentativa de catalogar o perfil do mesmo, e agir de forma preventiva.
A escuta empática e uma observação cuidadosa por parte dos técnicos e agentes sociais são essenciais à boa prevenção de maus-tratos na infância. Este pode ser o melhor antídoto.
Desta escuta ativa resulta a possibilidade de disponibilizar apoio individualizado ao cuidador depressivo por forma a ajudar na resolução dos problemas existentes no seio familiar. Muitas vezes, a terapia direcionada aos pais pode evitar casos dramáticos de violência infantil e doméstica.
Estes técnicos de acompanhamento e equipas multidisciplinares das escolas, centros juvenis, creches e lares de crianças são, por isso, peças essenciais à precoce deteção do que traumas de infância podem causar.
De que forma os traumas de infância afetam a vida adulta? Tal como vimos, um trauma de infância não tratado ou sanado, desencadeia muitas vezes um crescente sentimento de frustração e déficit de autoestima no adulto.
Um filho negligenciado pode tornar-se um pai negligente. O trauma de infância e rejeição inerentes sentidos pela criança podem deixar marcas demasiado profundas, e que só poderão ser resolvidas com uma adequada terapia ao nível da psicologia positiva.
Alguns traumas da infância e suas consequências na vida adulta:
O trauma psicológico da criança pressupõe sempre um jogo emocional com a criança por parte do cuidador. A componente psicológica da criança fica desta forma abalada estruturalmente, uma vez que ela se viu privada da sua dignidade emocional. Por este motivo, o trauma na infância e a psicanálise entrecruzaram-se no passado para encontrar respostas.
Freud havia definido na teoria psicanalítica que a neurose infantil é precursora da neurose adulta (Estudos sobre a Histeria, 1896). No entanto, posteriores analistas, nomeadamente Anna Freud, ajudaram a distinguir a neurose infantil do seu processo analítico, isto é, da neurose clínica (que nem sempre conduz a uma neurose de adulto (Lebovici, 1982)).
Hoje, as psicoterapias psicodinâmicas redefiniram a neurose infantil e investem em variadíssimas abordagens da psicoterapia atual (de acordo com o DSM-5) sem menosprezar a pressão psicológica que o adulto exerce na criança, e o quão isto interfere com as suas emoções básicas como o amor-próprio, a autoestima e autoproteção.
A intervenção e tratamento de maus-tratos na infância dependem da ação dos técnicos que vão avaliar os pais, as crianças, a relação entre ambos e o suporte social e familiar que as assiste. Deve a intervenção ser multidisciplinar e no mais breve curto espaço de tempo.
A possibilidade de afastamento dos pais e filhos deve ser sempre tida em conta por forma a minimizar as sequências nefastas do trauma decorrente. O ponto crucial deve ser sempre a proteção imediata da criança, dos seus direitos e segurança física e psicológica.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é atualmente a abordagem mais comum e eficaz num vasto espectro de doenças do foro psicológico da criança, e provenientes de traumas de infância – sobretudo acima dos 7 anos de idade. Consiste em ajudar a criança a identificar os padroes de pensamento disfuncionais, e que estão na origem de comportamentos desadaptados e desagradáveis para a encaminhar para um “lugar mais seguro” dentro da sua própria mente.
É uma abordagem mais holística dentro da psicoterapia e defende uma intervenção terapêutica de qualidade assente numa atitude positiva e acrítica; apologista do trato caloroso e de cordialidade; do respeito e do não julgamento incondicional perante a vítima. Pressupõe uma ressignificação de vida e cura emocional mais efetivas.
No documento oficial publicado em Diário da República Português “ação de saúde para crianças e jovens em risco” podemos considerar algumas abordagens-tipo de como superar traumas de infância, tais como:
Tal como defendemos sempre na Clínica Balance, o importante é permitir uma abordagem holística à vítima de maus-tratos de forma a poder sanar por completo todas as mazelas vividas no passado. Todos os seus traumas não curados.
Não se podendo mudar o passado, é totalmente possível ressignificá-lo, e atribuir-lhe novo valor. Nova vida.
Ansiedade e tristeza constantes
Episódios de dissociação e mau humor
Aumento pressão arterial e tensão muscular
Sentimentos de raiva, negação e frustração
Problemas de sono e falta de concentração
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem aplicada por técnicos, no entanto, muitas das terapêuticas inseridas neste processo podem ser aplicadas pelo cuidador da criança em casa/ instituição de acolhimento. O diálogo e atividades em comum que pressuponham tranquilidade e bem estar à criança ou adolescente, bem como uma postura de não-julgamento e abertura para o diálogo sobre o passado, podem ser a porta de entrada para a cura efetiva.
Cada pessoa reage de forma diferente ao tipo de trauma a que esteve sujeita. Não devemos menosprezar o impacto daquilo que traumas de infância podem causar. Pois mediante a capacidade de resiliência e robustez da estrutura psicológica de cada um, assim será a sua resposta ao trauma de infância, e consequente recuperação.
Diálogos depreciativos, derrotistas e desencorajadores são a primeira arma verbal que um adulto alega para humilhar a criança. É imperioso evitar diálogos de ódio e desprezo. É fundamental ter consciência de que a criança possui sensibilidade extrema e que analisa tudo o que ouve.
Hoje sabemos que, a maior parte das vezes, esse adulto sofreu a mesma forma de violência quando criança. Por isso, tantas vezes, a cura da criança passa pela cura do cuidador.
A Balance RehabClinic é uma provedora líder de tratamento de dependência de luxo e saúde mental para indivíduos ricos e suas famílias, oferecendo uma mistura de ciência inovadora e métodos holísticos com atendimento individualizado incomparável.
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