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Clinicamente editado e revisado por THE BALANCE Esquadrão
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A distimia é um problema de saúde mental que consiste num quadro muito semelhante à perturbação depressiva, sendo por isso a perturbação distímica também denominada de Perturbação Depressiva Persistente. 

Distimia

Estima-se que a prevalência da distimia a nível mundial ronda os 12% (Kessler et al. 2011). Os sintomas de distimia são mais duradouros do que as da depressão, persistindo durante mais de dois anos e com períodos de ausência de sintomas nunca superiores a dois meses. 

De acordo com Patel & Rose (2022), uma anamnese cuidada é fundamental para um correto diagnóstico médico, o qual deverá ser levado a cabo por especialista de Psiquiatria. Os autores salientam que a atual definição comumente aceita de distimia é a patente no DSM-V da Associação Americana de Psiquiatria, que de seguida se parafraseia.

O paciente deverá ter um humor depressivo há pelo menos dois anos. Para crianças ou adolescentes, o humor poderá ser do tipo irritável ao invés de depressivo, e o prazo mínimo de persistência do sintoma é um ano. Para ambos os grupos etários, os sintomas não poderão estar ausentes durante mais do que dois meses. 

A etiologia das perturbações depressivas é multifatorial (Chand & Arif, 2022), significando isto que os fatores genéticos e ambientais têm um papel no seu surgimento. Desde logo, os parentes em primeiro grau de pacientes com perturbações depressivas apresentam três vezes mais probabilidades de desenvolver igual quadro do que a população geral. Todavia, a distimia pode ocorrer sem historial familiar da perturbação.

Os acontecimentos podem ter um papel importante no desencadeamento da perturbação distímica, tais como a perda de um ente querido, apoio social deficitário, exaustão do cuidador, problemas financeiros, dificuldades interpessoais ou conflitos são alguns dos exemplos que podem despoletar o surgimento de uma perturbação distímica.

O humor depressivo que é característico da distimia consiste (Park & Zarate, 2019) no sentimento que se prolonga ao longo do dia e quase todos os dias descrito subjetivamente como de tristeza, vazio ou desesperança. Pode também ser observado por terceiros como um estado choroso. O humor irritável é próprio de crianças e jovens com distimia e caracterizado por impulsividade, irritação espontânea e conflitualidade  (Argyris et al., 2013).

Adicionalmente ao humor depressivo/irritável, são necessários pelo menos dois outros sintomas dos constantes da lista abaixo:

  • Falta de apetite (não sentir fome de modo persistente, pular refeições reiteradamente, fazer refeições com intervalos de tempo maiores ou deixar de comer durante vários dias);
  • Excesso de apetite (persistência de sintomas de fome após as refeições, necessidade de ingerir alimentos em grandes quantidades para saciar a fome);
  • Insônia (dificuldades para adormecer, ainda que sentindo sonolência. Dificuldades para manter o sono, acordando mais cedo que o habitual e não conseguindo voltar a adormecer. A insônia pode ser inicial – ao deitar -, intermédia – durante a noite -, ou terminal – perto da manhã.
  • Hipersônia (sonolência excessiva durante o dia e tempos de sono prolongados durante a noite, sensação de que não se dormiu o suficiente como bocejo, fadiga a irritabilidade ao longo do dia);
  • Falta de energia/cansaço (limitação que tem implicações na prossecução de tarefas do quotidiano e atividades de vida diária ou do trabalho, caracterizada pela perda de vitalidade e fadiga persistente);
  • Baixa auto-estima (percepção de si mesmo por referência aos defeitos e aspetos negativos da personalidade, da imagem ou das competências. Tende a manifestar-se como insegurança, timidez, baixa tolerância à crítica, auto-exigência elevada, focagem nos próprios defeitos, comparações com terceiros, temor da rejeição, necessidade de reconhecimento e validação, insatisfação com concretização de objetivos e medo de novos desafios);
  • Falta de concentração (incapacidade de levar a cabo tarefas que implicam focar a atenção, como a leitura. É habitual caracterizar-se também por começar tarefas e não as concluir, distrair-se com estímulos externos ao ponto de interromper o raciocínio ou a atividade);
  • Desesperança/desespero (estado de hiperbolização dos problemas, os quais parecem ser inultrapassáveis. Este estado emocional é vivenciado mesmo que sem explicações plausíveis para o seu surgimento ou para a sua persistência, e caracteriza-se por sentimentos persistentes de pessimismo e de impotência).

De acordo com dados de investigação científica (Shafiq et al., 2022), as abordagens fundamentadas nas terapias cognitivo-comportamentais podem ser muito eficazes no tratamento da Perturbação Depressiva Persistente e na reversão dos comportamentos disruptivos no contexto das perturbações distímicas.

Para se saber como lidar com uma pessoa com distimia, é absolutamente indispensável conjugar esforços de profissionais credenciados da área da saúde mental com o apoio da família e, eventualmente, com o cumprimento de um plano terapêutico farmacológico. 

Existem evidências científicas (Hofmann & Goméz, 2017) de que as abordagens de mindfulness, consideradas como parte integrante das terapias cognitivo-comportamentais, têm igualmente produzido efeitos benéficos em pessoas com perturbações do foro depressivo. 

O mindfulness é, resumidamente, a vivência consciente do momento presente, intermediado por uma postura de aceitação, curiosidade e abertura – por contraste ao registo quotidiano habitual da maioria das pessoas, caracterizado pela não-atenção e pelo funcionamento em modo de “piloto automático”. A prática do mindfulness consegue tornar os pacientes menos reativos aos fenômenos internos negativos.

Os programas de retiros e de base residencial permitem concretizar programas intensivos e em ambientes clinicamente controlados, cujos resultados se apresentam muito promissores (Rosenberg et al., 2015). 

Na The Balance, os pacientes portadores de distimia acedem ao mais luxuoso enquadramento clínico, pensado especificamente para pessoas com um elevado padrão de exigência. O Centro Luxuoso de Saúde Mental em Maiorca, Espanha, providencia os melhores tratamentos para a perturbação distímica, num espaço seguro e distinto.

Argyris S, Barbara M, William S C, E. Jane C, Adrian A. Irritable Mood as a Symptom of Depression in Youth: Prevalence, Developmental, and Clinical Correlates in the Great Smoky Mountains Study. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, Volume 52, Issue 8, 2013, Pages 831-840.

Chand SP, Arif H. Depression. 2022 Jul 18. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing

Hofmann SG, Gómez AF. Mindfulness-Based Interventions for Anxiety and Depression. Psychiatr Clin North Am. 2017 Dec;40(4):739-749.

Kessler RC, Ormel J, Petukhova M, McLaughlin KA, Green JG, Russo LJ, Stein DJ, Zaslavsky AM, Aguilar-Gaxiola S, Alonso J, Andrade L, Benjet C, de Girolamo G, de Graaf R, Demyttenaere K, Fayyad J, Haro JM, Hu Cy, Karam A, Lee S, Lepine JP, Matchsinger H, Mihaescu-Pintia C, Posada-Villa J, Sagar R, Ustün TB. Development of lifetime comorbidity in the World Health Organization world mental health surveys. Arch Gen Psychiatry. 2011 Jan;68(1):90-100. 

Park LT, Zarate CA Jr. Depression in the Primary Care Setting. N Engl J Med. 2019 Feb 7;380(6):559-568. 

Patel RK, Rose GM. Persistent Depressive Disorder. 2022 Jun 27. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing.

Rosenberg E L, Zanesco A P, King B G, Aichele S R, Jacobs T L, Bridwell D A, MacLean K A, Shaver P R, Ferrer E, Sahdra B K, Lavy S, Wallace B A, & Saron C D (2015). Intensive meditation training influences emotional responses to suffering. Emotion, 15(6), 775–790

Shafiq S, Bano Z, Randhawa SS, Khan KH, Muhammad QU, Muhammad A. Effectiveness of adapted cognitive behaviour therapy for dysthymia: An evidence based case study. J Pak Med Assoc. 2022 Mar;72(3):554-556.